sexta-feira, 8 de abril de 2011

Noção de nação: "Nunca antes na História deste país..."

Remeto-me às palavras do nosso ex-Presidente da República para falar de uma transformação que ocorreu no Brasil durante os 8 anos de governo dele. Antes de mais nada não sou pró-Lula nem votei nele nas eleições em que ele se candidatou, porém devo deixar minhas convicções políticas de lado para escrever sobre essa transformação.

Ao começar a ler o livro "1822", de Laurentino Gomes tive a idéia de escrever a história de hoje. Como o título do livro já deixa claro, o assunto tratado é a Independência brasileira. Para mim o processo de Independência tem como aspecto mais interessante a construção da nação brasileira, fato que não ocorreu com o mero Grito do Ipiranga, nem muito menos com o reconhecimento pelos demais países como povo independente.





Em 1822 temos o começo da construção do território brasileiro como o conhecemos hoje, processo que somente terminou com a aquisição do Acre entre 1903 e 1909 dos bolivianos e peruanos. É de fato um feito incrível um país de proporções continentais como o Brasil não fragmentar-se em vários pedaços a exemplo da América Espanhola.

Com o começo do Segundo Reinado, após o conturbado período regencial, em que a fragmentação territorial chega às vias de fato, temos o início do processo de unidade nacional, promovendo de Norte a Sul do país a noção de pertencer à mesma nação através da identificação de elementos: língua, território, religião e herança colonial comum. D. Pedro II promoveu a fabricação de um passado glorioso que unia províncias distintas, distantes e rivais em torno dos mesmos ancestrais o indígena pagão ingênuo e o português católico e civilizador. Gradativamente os habitantes do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, etc, começaram a reconhecer-se como brasileiros, pertencentes a esta nação criada nos trópicos.

 Durante os anos seguintes a República tentou incutir na população brasileira um outro elemento inerente (para alguns) ao conceito de nação, o patriotismo. Desde os slogans mais ofensivos da ditadura militar, como "Brasil, ame-o ou deixe-o", até os desenhos animados da Era Vargas que promoviam as virtudes nacionais como a dança e a alegria, todos tinham como principal objetivo estimular o patriotismo entre os brasileiros. A mesma função teve a Seleção Brasileira de Futebol no governo de Juscelino Kubitschek.


Todavia, somente durante os 8 anos do governo Lula que de fato a população brasileira pôde considerar-se patriótica, tendo "Orgulho de ser brasileira". Aumentos na renda e nos empregos à parte, eu creio que o que mais traduziu este sentimento foram os lançamentos de livros de História nacional que recontam fatos e personagens sob luzes menos preconceituosas (D. João VI e sua excessiva indolência) e menos ilusórias (D. Pedro I, herói destemido da Independência), para mostrar estes personagens como eram: pessoas com qualidades e defeitos com poder de mudar o curso da História e assim o fizeram.

 
Isto é tão verdade que acontecimentos aprendidos  de maneira "blasé" nos bancos de escola durante anos a fio sem o devido tratamento merecido, como por exemplo a vinda da família real para o Brasil ou o próprio grito do Ipiranga ganham uma nova roupagem transformando-se em quase épicos da criação do Estado e nação brasileiros. Transformando-nos em nação única no mundo: a única colônia a receber status de metrópole, único país de língua portuguesa nas Américas, etc. São feitos que antes eram encarados como uma sucessão de acontecimentos históricos sem a menor importância para se tornarem feitos Históricos da Nação Brasileira, comparáveis inclusive à Queda da Bastilha ou à assinatura da Magna Carta, isto é, acontecimentos definidores de um povo.

E daí que não tivemos Idade Média com cavaleiros, Cruzadas e torneios de justa?! Tivemos em compensação guerras entre povos indígenas inclusive por motivos religiosos. Esses mesmos povos faziam intercâmbio de bens e informações com a civilização inca no alto dos Andes muito antes da chegada de Colombo. No Amapá temos o Stonehenge brasileiro, um sítio arqueológico em formato circular chamado de Pedra do Furo, que como seu similar britânico teria a mesma função de marcar acontecimentos astronômicos. Não deixamos a desejar em termos de "mistérios históricos" a nenhum europeu.

Portanto, hoje somos uma nação de fato. Orgulhosa de nosso passado e esperançosa em relação ao futuro. Ficam aqui os votos para que o governo Dilma empenhe-se no investimento em pesquisas históricas e arqueológicas que nos levem a descobrir melhor como viviam os povos nativos antes da chegada dos portugueses.



Obrigada e até o próximo post!

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