terça-feira, 26 de abril de 2011

Post perdido: "O Dom Pedro de Portugal não tem nada a ver com o do Brasil" - Especial 1822 - iG

Pensei em escrever um post sobre este assunto mencionado no título, isto é, como figuras históricas brasileiras e portuguesas são vistas de forma diferente nos dois lados do Atlântico.

Primeiro pensei em escrever sobre o primeiro Pedro, o Cabral. Ele somente conseguiu a fama que hoje atribuímos a ele, pois D. Pedro II personificado pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro pesquisou em arquivos portugueses (como parte de sua tentativa de criar uma nação brasileira, assunto de post anterior) a chamada "certidão de nascimento brasileira", a Carta de Pero Vaz de Caminha e por conseqüência a esquadra de Pedro Álvares Cabral. Ao identificar este como o primeiro herói civilizador do Brasil, Cabral foi alçado ao status de um dos pais da pátria.

Sem o reconhecimento dos brasileiros, os portugueses continuariam a atribuir a Cabral o que lhe coube na partilha dos Descobrimentos, nada. Sua viagem apesar de ter sido um sucesso econômico, mesmo com a perda de diversos navios não foi o suficiente para lhe garantir a lealdade do rei, que após uma briga entre Cabral e Vasco da Gama, aquele foi banido da corte até o fim da vida.

Sem prestígio na corte e desacreditado morreu sem saber o real legado de sua viagem. Se não fosse por D. Pedro II seu túmulo e sua história continuariam esquecidos.

O segundo Pedro que eu escreveria seria o Primeiro, D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal, porém a entrevista abaixo já me tirou este "gostinho".

"O Dom Pedro de Portugal não tem nada a ver com o do Brasil" - Especial 1822 - iG

Espero que tenham gostado dessas peculiaridades históricas.

Obrigada e até o próximo post!

Post saudosista: O Rio de antigamente

 Acabei de ler o livro "1822" do Laurentino Gomes (recomendo!) e novamente terminei com a vontade de ter conhecido o Rio de antigamente. Uma das coisas que mais tenho vontade de ter visto é o Morro do Castelo, implodido em 1921, sob a desculpa que afetava a circulação de ventos no Centro da cidade, bem como facilitava o escoamento da água.


Morro do Castelo em pintura de 1885

Eu sei que essa desculpa de escoamento pelo menos é fajuta, pois estudei na Rua da Assembléia, no que seria o sopé do morro, e a água continua retida ali em dias de temporais como foi o de ontem! Mas reclamações à parte, volto ao assunto: o que dizer de uma cidade que implode seu primeiro núcleo urbano, isto é, o que dizer de uma cidade que implode o seu local de fundação, o marco zero?! Seria como se São Paulo implodisse o pátio do colégio.

Aliás no Morro do Castelo havia um colégio de jesuítas igualzinho àquele encontrado em São Paulo, e como nessa cidade a vida no Rio também começou ali. As populações resolveram habitar as regiões vizinhas ao morro, delimitada por outros morros (Morro de Santo Antônio --- também implodido, onde hoje é a Av. Chile com as sedes da Petrobrás e do BNDES---, Morro de São Bento --- intacto--- e Morro da Conceição --- também intacto, região atrás da Praça Mauá, atrás do edifício "A Noite").

Vista do Morro Santo Antônio em pintura de 1816
A cidade do Rio de Janeiro para quem não conhece é cheia de morros e montanhas e a população portuguesa encontrou aqui condições similares das que existiam em Lisboa e em Salvador, ou seja, casas construídas nas partes altas e baixas da cidade. Entretanto, o Rio tinha uma particularidade era uma grande várzea (planície coberta de rios e lagoas)  espremida entre as montanhas do Maciço da Tijuca e o Oceano Atlântico. Construir uma cidade ali, de fato exigiu certo esforço de engenharia: rios foram canalizados, lagoas foram drenadas e aterradas e o mar foi recuado.

Fico imaginando como seria pegar um barco ou uma balsa para ir do Centro (no final da Av. Rio Branco) e atravessar a Lagoa do Boqueirão (atualmente Passeio Público) até a Glória; ver do Outeiro da Glória o mar batendo logo abaixo da Igreja, onde é a Av. Infante D. Henrique, atual Aterro do Flamengo; ver da Igreja de Santa Luzia a Praia de Santa Luzia, fazendo daquela uma igrejinha à beira do mar; ver do Chapéu do Corcovado o grande areal que era Copacabana; ver os palacetes dos ricos e poderosos no Flamengo e em Botafogo, ver a foz do Rio da Carioca em seu estado e localização originais; ver a Quinta da Boa Vista das pinturas do século XIX, um palácio praticamente isolado do resto da cidade; ver as chácaras nas encostas dos morros na Tijuca e no Cosme Velho; ver o Aqueduto da Carioca efetivamente funcionando, levando água do Morro de Santo Antônio para o Morro do Desterro, atual bairro e morro de Santa Teresa; ver a planície de Jacarepaguá repleta de engenhos de açúcar; andar pela Estrada Real de Santa Cruz que ligava o Centro (Paço Imperial) até a Real Fazenda de Santa Cruz (atualmente quartel do Exército--- Batalhão de Villagran Cabrita--- no bairro de Santa Cruz).

Morro de Santa Teresa, aqueduto da Carioca, Lagoa do Boqueirão em pintura do século XVIII

Vista do Morro do Mirante, vê-se ao fundo a Real Fazenda de Santa Cruz
Sede da Real Fazenda de Santa Cruz, hoje sede do Batalhão de Engenharia de Villagran Cabrita
Concordo que algumas intervenções foram necessárias, como por exemplo o reflorestamento do Maciço da Tijuca, devastado pelas plantações de café, que fizeram com que os verões no Rio tornassem-se mais insuportáveis do que já eram, sem água e cheio de doenças.

Porém sinto falta deste Rio que eu não conheci, nem ninguém que eu conheça pode me contar que viu o que está relacionado acima. Imagino que habitantes de outras cidades grandes como Rio tenham essa mesma sensação saudosista. Entretanto acho que os cariocas deixaram por tempo demais essas intervenções ocorrerem. Hoje vivem numa cidade irreconhecível aos olhos de quem viveu há 100 anos atrás. Uma cidade que bem poderia ser um grande canteiro arqueológico.

Aliás, estou muito interessada em ver o que a Prefeitura vai achar ao escavar o "mergulhão" que dará lugar ao atual Elevado da Perimetral. Escavará as áreas de ocupação mais antiga na cidade do Rio de Janeiro: onde era o Morro do Castelo, imediações do Morro da Conceição e do Morro de São Bento e do antigo Porto do Vallongo, o maior porto de desembarque de escravos das Américas.

Muito ainda será descoberto desse Rio antigo, mais coisa para eu sentir saudades.

Obrigada e até o próximo post!

sábado, 23 de abril de 2011

Post de casamento: Curiosidades históricas

Gales, neto de Elizabeth, rainha da Inglaterra, conheceu Kate e irá se casar com ela. Seu irmão Harry participará da cerimônia. Os pombinhos depois de casados irão viver no País de Gales. O leitor deve estar achando que eu estou falando do casamento do Príncipe William de Gales e de Kate Middleton. Na verdade estou recontando um momento que ocorreu há 510 anos atrás em 1501, por ocasião do casamento do Príncipe Arthur de Gales e de Catarina de Aragão.

Arthur era o irmão mais velho daquele que viria a ser um dos reis mais conhecidos da Inglaterra, que dirá do mundo, Henrique VIII, o irmão Harry que participou da cerimônia acima mencionada. É engraçado, pelo menos para mim, como a História está cheia de coincidências irônicas. Para saciar a curiosidade de alguns segue a lista das ironias que cercam o casamento da próxima sexta-feira:
- O segundo nome de William é Arthur: William Arthur Philip Louis Mountbatten Windsor;
- Catarina de Aragão era chamada por Arthur e Henrique de Kate (apelido de Catarina em inglês), assim como Kate Middleton, nascida Catherine Middleton;
- A avó de ambos os noivos se chamava Elizabeth e era Rainha da Inglaterra, a de William é a Rainha Elizabeth II e a de Arthur era Elizabeth de Woodville, casada com o Rei da Inglaterra Eduardo IV;
- Ambos descendem do "ramo York", isto é, William sendo bisneto do Rei George VI (o gago do "Discurso do Rei"), o qual era Duque de York antes de tornar-se rei, acaba por descender deste ramo. Já Arthur era neto de Eduardo IV, o qual também havia sido Duque de York antes de virar rei, tem-se aqui a mesma situação;
- Ambos possuem irmãos mais novos que se chamam Henrique (Henry ou Harry em inglês);
- Ambos moraram em Gales depois do casamento: Tecnicamente no caso de Arthur, ele morou no Castelo de Ludlow na fronteira com o País de Gales.

Agora uma coincidência cruzada: William nasceu em junho e Harry em setembro; Arthur nasceu em setembro e Henrique em junho.

Espero que tenham gostado deste pequeno post de curiosidades! Felicidades aos noivos! Que tenham mais sorte do que aqueles de 1501.

Convido aos leitores caso achem mais coincidências sobre este casamento ou outros fatos da História que comentem!

Obrigada e até o próximo post!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Um post sobre Post e Nova Iorque: Parte da minha História

Tenho uma amiga, que ao ler este post vai se identificar imediatamente, simplesmente ama Nova Iorque. Ama a cidade, filmes sobre a cidade, seriados sobre a cidade, etc. Não me sinto assim por essa metrópole em particular, devo confessar que meu gosto recai sobre Florença na Itália (tirando obviamente da disputa por afeição, a cidade na qual nasci), mas isso não vem ao caso.

O que gosto sobre Nova Iorque tem a ver com seus laços com o Brasil. Não estou me referindo a Little Brazil, ou ao fato de milhões de brasileiros irem para lá todos os anos às compras. Refiro-me à invasão holandesa, que tem a ver com parte da minha História.

Começando "pelo começo": Para quem não sabe em 1580 teve início a chamada União Ibérica, a junção das coroas de Portugal e Espanha sob um mesmo rei, Felipe II. Algo que durante anos os portugueses temeram finalmente ocorreu com a morte do Cardeal-Rei Henrique, o qual, como membro --- correto--- do clero não deixou herdeiros em Janeiro daquele ano. O Cardeal sucedera dois anos antes ao seu sobrinho- neto o Rei D. Sebastião, morto na famosa batalha de Álcacer-Qibir no Marrocos aos 24 anos.

D. Sebastião I de Portugal

Felipe II de Espanha
A união com a Espanha significava que o então Império Colonial Espanhol, já o maior do mundo, acabava de ficar ainda maior com a adição das colônias de seu maior rival e concorrente. O Império ia além da Espanha e suas colônias nas Américas, na África e na Ásia possuía também territórios na Europa como Milão, Córsega, Nápoles, Sardenha, Roussillon, Franche-Comte e Países Baixos. Estes últimos havia alguns anos lutavam pela sua independência que somente veio em 1581 com a deposição de Filipe II como rei dos Países Baixos (esta independência abrangeu somente o que hoje é mais ou menos a Holanda).

Com a independência da Holanda, a Espanha havia ganho um novo rival colonialista (França e Inglaterra não eram rivais à altura do poder espanhol na época, porém seus corsários pilhavam os navios espanhóis regularmente), que estava disposto a investir pesado neste empreendimento, criando inclusive uma empresa para tanto, a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. Os holandeses tinham um diferencial: seu país tornara-se pólo de atração de cientistas, pensadores e navegadores todos fugitivos da Inquisição Espanhola que agora espalhava seu terror por Portugal e seus domínios. Isto na prática significava que a tecnologia e o dinheiro que antes levaram portugueses e espanhóis às suas colônias faria o mesmo pelos os holandeses. Ponto para a tolerância religiosa!

Depois de uma tentativa desastrosa de conquistar a Bahia, os holandeses invadiram  com sucesso  a província mais rica do Brasil, Pernambuco em 1630. Em 1637 desembarca no Recife o governador da Nova Holanda, Maurício de Nassau. Reproduzindo a política de tolerância religiosa holandesa, judeus, luteranos, calvinistas, católicos, todos podiam exercer seu credo sem medo de repressões. A primeira sinagoga em solo americano foi construída no Recife enquanto Nassau era governador.

Maurício de Nassau
O governo holandês trouxe reformas para o Recife e para as demais cidades da província que abrangia os estados de Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Alagoas, Ceará e Rio Grande do Norte. Nassau trouxe em sua comitiva o pintor Frans Post, desconhecido em seu país natal, porém talentoso. Post assim como Eckhout seu conterrâneo e também pintor, retrataram a vida, as paisagens e os habitantes da província de Pernambuco e é nesse ponto que parte da minha História e a de Nova Iorque cruzam-se.

Post passou 7 anos em Pernambuco, costumava pintar pequenas telas, com pequenas figuras que imediatamente atraíam a atenção do espectador. Tinha como função principal documentar não só a vida na Nova Holanda, como também elaborar mapas. Dentre seus quadros há um no qual retratou uma igreja e seu mosteiro situados na cidade de Igarassu em Pernambuco. Esta pequena igreja chama-se Igreja de São Cosme e São Damião e foi fundada em 1535, está "de pé" (precisa de reformas urgentes) e em funcionamento até hoje. É, portanto, a Igreja mais antiga do Brasil em funcionamento.

Igreja e Mosteiro de São Cosme e São Damião em Igarassu de Frans Post

Essa igreja tem um significado especial para mim, pois meu avô, que nasceu em Igarassu, foi batizado lá. Aliás um dos meus sobrenomes (o que me foi dado por este avô) pode ter ou não raízes holandesas (talvez um holandês que não quis ir embora e resolveu "abrasileirar-se"). E esta pintura de Post, que está no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, me dá a sensação de fazer parte da História. Afinal há 400 anos a igreja que iria batizar meu avô e possivelmente alguns de meus demais ancestrais, já estava de pé e era retratada fielmente por um estrangeiro. Isto é, tenho o sentimento de que ao ver este quadro a minha História torna-se parte da História.

Voltando à "Big Apple", em 1640 terminava a União Ibérica com a ascensão ao trono do Rei D. João IV, Duque de Bragança, o qual fundou a Dinastia dos Bragança tão conhecida por nós brasileiros. A Espanha estava envolvida com a Guerra dos Trinta Anos na Europa, o que significava que ela não tinha dinheiro e exército suficiente para conter as revoltas em Portugal e em Pernambuco.

Ao assumir o controle de seu país novamente os portugueses se apressaram para reconquistar sua colônia perdida. Afinal Pernambuco ainda era a mais rica província do Império português no Brasil. Os senhores de engenho pernambucanos também viram na ascensão do novo rei português uma oportunidade de lutar contra o domínio holandês. Apesar da boa relação durante alguns anos entre dominadores e dominados (holandeses e senhores de engenho), entre 1644 e 1649 esta mesma relação "azedou" devido ao pagamento de altos impostos ao governo holandês, bem como da dívida contraída pelos latifundiários perante à Cia. Holandesa das Índias Ocidentais e a saída de Nassau como governador da província.

Nesse ínterim Portugal mandava tropas para ajudar os rebeldes, bem como negociava diplomaticamente com os holandeses a entrega de Pernambuco mediante o pagamento de uma pesada indenização. Em 1654 a Holanda entregou definitivamente o Brasil. Alguns colonos que saíram daqui fundaram uma nova colônia na Ilha de Manhattan, a Nova Amsterdã. Ela tornaria-se a cidade de Nova Iorque.

Obrigada! Até o próximo post!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Noção de nação: "Nunca antes na História deste país..."

Remeto-me às palavras do nosso ex-Presidente da República para falar de uma transformação que ocorreu no Brasil durante os 8 anos de governo dele. Antes de mais nada não sou pró-Lula nem votei nele nas eleições em que ele se candidatou, porém devo deixar minhas convicções políticas de lado para escrever sobre essa transformação.

Ao começar a ler o livro "1822", de Laurentino Gomes tive a idéia de escrever a história de hoje. Como o título do livro já deixa claro, o assunto tratado é a Independência brasileira. Para mim o processo de Independência tem como aspecto mais interessante a construção da nação brasileira, fato que não ocorreu com o mero Grito do Ipiranga, nem muito menos com o reconhecimento pelos demais países como povo independente.





Em 1822 temos o começo da construção do território brasileiro como o conhecemos hoje, processo que somente terminou com a aquisição do Acre entre 1903 e 1909 dos bolivianos e peruanos. É de fato um feito incrível um país de proporções continentais como o Brasil não fragmentar-se em vários pedaços a exemplo da América Espanhola.

Com o começo do Segundo Reinado, após o conturbado período regencial, em que a fragmentação territorial chega às vias de fato, temos o início do processo de unidade nacional, promovendo de Norte a Sul do país a noção de pertencer à mesma nação através da identificação de elementos: língua, território, religião e herança colonial comum. D. Pedro II promoveu a fabricação de um passado glorioso que unia províncias distintas, distantes e rivais em torno dos mesmos ancestrais o indígena pagão ingênuo e o português católico e civilizador. Gradativamente os habitantes do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, etc, começaram a reconhecer-se como brasileiros, pertencentes a esta nação criada nos trópicos.

 Durante os anos seguintes a República tentou incutir na população brasileira um outro elemento inerente (para alguns) ao conceito de nação, o patriotismo. Desde os slogans mais ofensivos da ditadura militar, como "Brasil, ame-o ou deixe-o", até os desenhos animados da Era Vargas que promoviam as virtudes nacionais como a dança e a alegria, todos tinham como principal objetivo estimular o patriotismo entre os brasileiros. A mesma função teve a Seleção Brasileira de Futebol no governo de Juscelino Kubitschek.


Todavia, somente durante os 8 anos do governo Lula que de fato a população brasileira pôde considerar-se patriótica, tendo "Orgulho de ser brasileira". Aumentos na renda e nos empregos à parte, eu creio que o que mais traduziu este sentimento foram os lançamentos de livros de História nacional que recontam fatos e personagens sob luzes menos preconceituosas (D. João VI e sua excessiva indolência) e menos ilusórias (D. Pedro I, herói destemido da Independência), para mostrar estes personagens como eram: pessoas com qualidades e defeitos com poder de mudar o curso da História e assim o fizeram.

 
Isto é tão verdade que acontecimentos aprendidos  de maneira "blasé" nos bancos de escola durante anos a fio sem o devido tratamento merecido, como por exemplo a vinda da família real para o Brasil ou o próprio grito do Ipiranga ganham uma nova roupagem transformando-se em quase épicos da criação do Estado e nação brasileiros. Transformando-nos em nação única no mundo: a única colônia a receber status de metrópole, único país de língua portuguesa nas Américas, etc. São feitos que antes eram encarados como uma sucessão de acontecimentos históricos sem a menor importância para se tornarem feitos Históricos da Nação Brasileira, comparáveis inclusive à Queda da Bastilha ou à assinatura da Magna Carta, isto é, acontecimentos definidores de um povo.

E daí que não tivemos Idade Média com cavaleiros, Cruzadas e torneios de justa?! Tivemos em compensação guerras entre povos indígenas inclusive por motivos religiosos. Esses mesmos povos faziam intercâmbio de bens e informações com a civilização inca no alto dos Andes muito antes da chegada de Colombo. No Amapá temos o Stonehenge brasileiro, um sítio arqueológico em formato circular chamado de Pedra do Furo, que como seu similar britânico teria a mesma função de marcar acontecimentos astronômicos. Não deixamos a desejar em termos de "mistérios históricos" a nenhum europeu.

Portanto, hoje somos uma nação de fato. Orgulhosa de nosso passado e esperançosa em relação ao futuro. Ficam aqui os votos para que o governo Dilma empenhe-se no investimento em pesquisas históricas e arqueológicas que nos levem a descobrir melhor como viviam os povos nativos antes da chegada dos portugueses.



Obrigada e até o próximo post!